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terça-feira, 2 de setembro de 2025

O RAPOSA DAS CAATINGAS CONTINUA FAZENDO SUCESSO.

Por José Mendes Pereira

Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:

Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

ou ainda pode adquirir com o professor Pereira através deste endereço eletrônico:

franpelima@bol.com

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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

OS RESTOS MORTAIS DA BEATA MARIA DE ARAUJO..!

Por: Colô Do Arneiroz

Aos 22 de outubro de 1930, o monsenhor José Alves de Lima promove a violação do sepulcro da Beata Maria de Araújo, logo Pe. Cícero é informado, ao chegar na capela com Geraldo da Cruz e um fotógrafo para documentar a violação. 

O reverendo já o encontra aberto recebendo a informação que nada havia no túmulo, restando apenas tecidos, pedaços de caixão e uma parte de crânio com cabelos. Os demais restos mortais está ignoto até os dias atuais. Há especulação que Ela esteja sepultada numa capelinha da zona rural de Aurora.

Página do Voltaseca Volta no grupo Lampião, Cangaço e nordeste

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=766921216843188&set=gm.741707872704826&type=3&theater

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N0VA ENTREVISTA.

 Clerisvaldo B. Chagas, 1 de setembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.282

Foi na última sexta-feira que concedi mais uma entrevista a um grupo de alunos sobre matéria geográfica do riacho Camoxinga, o mais famoso do município por cortar à cidade e pelas suas temidas cheias   em ocasiões que represa com o rio Ipanema, seu coletor. Falamos sobre a importância da pesquisa para a juventude, a falta de pesquisadores e o acomodamento dos professores. E como a turma era do Cepinha – Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, onde encerrei minha carreira profissional, aproveitei para ministrar uma aula completa sobre o Cepinha que os próprios alunos não conheciam e não sabiam sequer sua data de aniversário. Além disso, falamos sobre a região onde assenta o Colégio e os efeitos do riacho Camoxinga que somente minhas pesquisas poderiam revelar.

Falamos sobre nascentes, leito, foz, pontes, serventias, poluição que deveriam ter sido repassadas por professores de Geografia acomodados. Entretanto, acho que a parte central da minha entrevista, deve ter sido o estímulo á pesquisa, ao conhecimento do lugar onde se vive, onde se estuda, o município inteiro e seus acidentes geográficos, sua história. Sei não, muitas vezes nos sentimos sozinhos nessa luta de estímulo à juventude, pois não encontramos nenhum Cirineu para ajudar com a cruz do conhecimento.

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Estaremos em reunião, segunda-feira, para aperfeiçoarmos a programação de lançamento do livro:  PADRE CÍCERO – 100 MILAGES NORDESTINOS (INÉDITOS), que será lançado no dia 20 de novembro, na igrejinha que era do padre Cícero, do Lajeiro Grande no Bairro de nome igual e que se formou graças a um dos seus milhões de milagres. A reunião será composta de dois vereadores, uma romeira, Diretora e Coordenador da Cultura em nossa cidade, e mais esse autor, na Casa da Cultura. A propósito, serão distribuídos os 100 livros, gratuitamente, aos depoentes dos milagres alcançados, ou a seus familiares. Não haverá venda de livros, pois a edição já se encontra esgotada, mas nada impede que qualquer outro devoto ou não, compareça ao nosso encontro.

Será feita uma lista de pedidos para um segundo lançamento e venda comprometida. Haverá fogos, discursos, zabumba, filmagem missa e entrega de certificado à Ministra dos Romeiros. Encomende seu livro através do Zap do autor: 57 88 9.99254534.

IGREJINHA DO PADRE CÍCERO, NO LAJEIRO GRANDE, ONDE SERÁ LANÇADO O LIVRO. (IMAGEM: B. CHAGAS).

https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2025/08/n0va-entrevista-clerisvaldo-b.html

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TENENTE JOÃO BEZERRA - O maçom que deu cabo de Lampião

 Biografia do Ten. João Bezerra, de autoria do 3º BPM – Alagoas:


“O Batalhão Tenente João Bezerra da Silva – 3º BPM, relata a passagem de um dos homens que mais marcaram a briosa Polícia Militar do Estado de Alagoas, rendendo-lhe esta justa homenagem, provocada por seu grandioso feito histórico.

Trajetória
 
 
Nasceu no dia 24 de junho de 1898, na Serra da Colônia, Município de Afogados da Ingazeira – Estado de Pernambuco. Seus pais: Henrique Bezerra da Silva e Marcolina Bezerra da Silva, eram pequenos fazendeiros e tiveram sete filhos: João, Cícero, Amaro, Manuel, José, Vitalina e Maria.
Com vontade de aprender a ler, trazia consigo sempre, uma “carta de ABC” (cartilha) e um “ponteiro” (lápis). Aos oito anos, já ajudava seu pai na agricultura e na criação de animais.

Ironicamente, teria aprendido a atirar com Manoel Batista de Morais, popularmente conhecido como Antônio Silvino, “O Rifle de Ouro”, também de Afogados da Ingazeira/PE, que era primo de João Bezerra em segundo grau, tornando-se em um exímio atirador.

Antonio Silvino foi conhecido no sertão como um dos homens mais valentes do Nordeste antes de Lampião, tendo sido ainda testemunha do assassinato do jornalista João Dantas na penitenciária de Recife, que era o assassino do ilustre paraibano João Pessoa, contrariando a versão oficial da época de que dizia ter sido suicídio.

Aos quatorze anos, Bezerra fugiu de casa após ter sido surrado pelo pai, por ter desobedecido à proibição de namorar uma moça, fugindo para o Recife/PE. Já demonstrava uma personalidade marcante, corajosa e propensa à aventura. Um menino sertanejo, desbravando a Capital. A partir daí, foi carregador de carvão de pedra no cais do porto; ajudante de soldado; assentador de dormentes em linha férrea; trabalhador de pedreira e de lavoura. Após um ano, voltou para casa e montou um comércio (uma pequena bodega), onde vendia de tudo.

No tempo em que passou com a família na sua cidade natal, realizou o incrível feito de matar uma onça, que de tão grande assustava a todos do lugar e dizimava as criações das fazendas, o que o tornou já famoso nas imediações onde morava, fazendo-o receber muitos presentes dos proprietários de terra da região.

Tempos depois, foi forçado a sair do seio familiar; indo trabalhar com um dos maiores inimigos de Lampião, o famoso Coronel José Pereira, em Princesa/PB, de onde partiu para Maceió, no Estado das Alagoas para “sentar praça”. Iniciou sua carreira em 1919, na Policia Militar de Alagoas, como policial contratado para integrar as “volantes”, sendo incorporando definitivamente, em 29 de março de 1922, onde permaneceu por 35 anos e 07 meses.

Prestou serviço no 2º Batalhão de Infantaria, deslocado para Santana do Ipanema/AL, para combater o banditismo que assolava a região sertaneja, de onde saiu para o combate de angicos, hoje 3º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Arapiraca/AL.

Foi 2º Sargento em 29 de março de 1922, e 1º Tenente por merecimento em 30 de setembro de 1936. Teve vários encontros com os bandidos, tendo de uma feita, morto três dos comparsas de Lampião. Sendo considerado oficial valoroso da Polícia Alagoana e de imediata confiança do governo.
Casou-se com Cyra Gomes de Britto, em Piranhas/AL, no ano de 1935, que em entrevista ao Jornal do Bandepe em 1985, confirma a natureza valente e perspicaz de seu marido, que chegava a passar meses no encalço dos cangaceiros, vindo inclusive a ignorar o nascimento de sua primeira filha, por estar em missão na caatinga, tendo em vista ter empenhado sua palavra de capturar Lampião.
Foi Maçom, alcançando o 18° grau na instituição em que participava.

Assentamentos Militares

Foram 19 Nomeações de comando, incluindo o de Comandante da Corporação (Apesar de não estar incluído no histórico de comandantes da Polícia Militar de Alagoas, devendo ter assumido o Comando Geral em algum espaço entre nomeações deixados por algum comandante entre 1950 e 1954);

12 Nomeações para delegado em diversas cidades de Alagoas, designações concedidas após o combate em angicos.

Participação como “Chefe de Volante” por um período de 12 anos, travando 11 combates com os grupos de cangaceiros, entre eles, os chefiados por Luiz Pedro do Retiro, Corisco, Gato, Zé Baiano, Português, Manoel Moreno, Moita Brava e por último com o famoso Lampião, o mais importante desses combates, que foi travado na Grota de Angicos, atual Município de Poço Redondo, estado de Sergipe, no qual ocorreu a morte de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), sua companheira Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita), e dos cangaceiros: Luiz Pedro, Quinta-feira, Elétrico, Mergulhão, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.

Participação em diversas missões fora do Estado, com os contingentes alagoanos, entre elas: Combate à Coluna Prestes, em 1925; Deposição do governo Washington Luís, em 1930 e Revolução Constitucionalista em 1932.

Nomeação como Prefeito Interventor da cidade de Piranhas/AL, no ano de 1933.
Durante a sua vida militar, recebeu diversos elogios por seu desempenho nas missões em que participou, conforme foram publicados nos boletins da Policia Militar de Alagoas. Entre eles:
Elogio do Comandante do 2º Batalhão;

– Louvor do Coronel Lucena comandante do II Batalhão, transcrito no III item do Boletim nº 285, do II Btl., de 17 de dezembro de 1938.

“Tendo o Sr. Capitão João Bezerra da Silva, sido desligado deste Batalhão, a fim de assumir a função na sede do Regimento. Louvo-o pelo modo brilhante com que soube espontaneamente cumprir as árduas missões de que foi incumbido, quando neste batalhão, mormente na campanha contra a horda de facínoras, perturbadores da paz sertaneja que há tanto tempo vinham sofrendo as agruras consequentes da ação do banditismo. Este oficial, demonstrou os nobres predicados de que é possuidor; trabalhador incansável que nunca ousou dar tréguas a tal corja, combatendo-a bravamente até o momento máximo em que assediou com a sua fôrça o conjunto chefiado pelo célebre

“Lampeão” que não podendo vazar tal assédio, caiu sem vida, quando para os supersticiosos já era tido como imortal“.

Elogio do Comandante da Corporação;

“Pelos bons serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas e a todo o nordeste, não há tributo que pague ao Coronel Bezerra, pelo que ele realizou. O Coronel Bezerra era um militar cônscio de suas responsabilidades e tratava a todos os seus comandados com igualdade de condições. Devido esse comportamento, diante das tropas, que comandava no Quartel é que ele granjeou a simpatia de todos e consequentemente foi conquistando as promoções, todas elas por relevantes serviços prestados à nossa Polícia, ao Estado e à Nação”.

Coronel EB Carlos Eugênio Pires de Azevedo – Comandante da Polícia Militar de Alagoas em 6/12/1970, quando da ocasião de seu sepultamento em Maceió.

Elogio do Interventor Federal;
Elogio do Governador do Estado;
Elogio do General de Exército;
Elogio do Presidente da República.

Tendo sido inclusive recebido no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, no ano de 1938, pelo então Presidente Getúlio Dorneles Vargas, que nutria grande interesse pela campanha contra o cangaço, em virtude do sucesso da missão em Angicos.
Elogio da população de Piranhas/AL

Entre os prêmios recebidos por João Bezerra, a sua família guarda, zelosa e orgulhosamente, a espada que ele recebeu do povo de Piranhas em 1938, expressão de gratidão pela morte de Lampião, em cuja “Copa” está escrito: “Ao Capitão João Bezerra pela sua bravura e heroísmo. Oferece o povo de Piranhas. ”

Foi para a reserva da Polícia Militar de Alagoas em 04 de novembro de 1955, quando passou a dedicar-se à agricultura e à pecuária.

Faleceu na cidade de Garanhuns/PE, no dia 04 de dezembro de 1970, vitimado por um acidente vascular cerebral, recebendo alusões honrosas pela Câmara Municipal daquela cidade.

Seu corpo foi velado no quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas, e em seguida sepultado com honras militares no mausoléu da maçonaria em Maceió, como última homenagem da Corporação em satisfazer o pedido do próprio João Bezerra de ser sepultado em solo alagoano. Anos mais tarde seu corpo foi transladado para o Estado de Pernambuco, a pedido de sua família.

João Bezerra foi um perseguidor empenhado em não dar trégua aos cangaceiros, reconhecido pelos seus pares e superiores, ao ponto de ganhar de Lampião o apelido de “Cão Coxo”, coxo em decorrência da redução de 04 centímetros em uma das pernas, causada por um ferimento em combate, e cão, pela valentia e destemor que apresentava nos combates. Em entrevista dada pelo então Capitão Manuel Neto, outro grande oficial das volantes, após a morte de Lampião, referia-se a Bezerra dizendo: – “O Tenente João Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um official disposto, disciplinado e muito bem quisto no seio da Polícia Alagoana e dos Estados vizinhos”.

Era homem obstinado, desbravador e estrategista. Cidadão honrado, decidido, extremamente observador, perspicaz e de muita fé. Seus passos foram cuidadosamente planejados, prevalecendo sempre a sensatez e a dignidade. Incansável na luta contra o banditismo. Seus contemporâneos sabiam do seu empenho, da sua responsabilidade e do seu valor: Nada em sua vida parecia ter sido por acaso.

Frases de João Bezerra

“Soldado não briga deitado. O que eu encontrar deitado, ou outro qualquer encontrar deitado, atire e mate que esse é covarde. Quando vocês me verem deitado atirem em mim também.” (Frase proferida antes do confronto em Angicos).

“Para vencer os ímprobos que nos impunha um vaivém penoso, só Deus sabe o quanto tivemos que lutar! Descrever esses sofrimentos seria dedicar centenas de páginas ao nosso grande martírio que jaz no anonimato, morto nos segredos das caatingas!” (Livro Como dei cabo de Lampião, de 1940).
“Soldados do Brasil! Eu vos admiro! Permiti que eu seja sangue do vosso sangue guerreiro, para felicidade da minha vida toda voltada à Pátria na honrosa carreira das armas”. (Livro Como dei cabo de Lampião, de 1940).

O portal MN parabeniza a todos os militares integrantes do 3º BPM pelos serviços prestados a cidade de Arapiraca e região. Que os bravos e honrosos militares sejam vistos pela sociedade não apenas pelas fardas e patentes, mas como seres humanos que ariscam suas vidas para proteger a cada cidadão, e junto a população, construir uma sociedade mais harmônica.”.

Por Genival Silva. Fonte: Ascom/3º BPM e http://3batalhao.blogspot.com.br/

Cap. João Bezerra era maçom – Grau 18° do R.E.A.A.

Segundo preliminares informações na internet, provas documentais e depoimento do Irmão Paulo Britto, filho de João Bezerra, o Capitão João Bezerra da Silva foi maçom, sendo Grau 18 do R.E.A.A., iniciado em 25 de junho 1949, com 51 anos de idade, na Loja Maçônica Virtude e Bondade N° 0146 – GOB-AL e, inclusive, enterrado no Mausoléu Maçônico Segredo 33, como seu último pedido, posteriormente, a pedido da família, seu corpo foi trasladado para Pernambuco. Este detalhe acena para o crivo legalista do homem militar, que deu cabo a Lampião e seu bando, em 28 de julho de 1938, e do homem maçom, 11 anos após o Combate de Angicos, na luta porfiada nessa história de combates quase “intermináveis”, bárbaros e cruéis, entre volantes e cangaceiros na caatinga nordestina pela ordem e legalidade.
Loja Virtude e Bondade N° 0146 – GOB-AL
REGISTROS FORNECIDOS, FRATERNALMENTE, PELO GRANDE ORIENTE DO BRASIL DE ALAGOAS – GOB-AL

Carteirinha Maçônica
 

O Marco do Fim do Cangaço – A Morte de Lampião

O cangaço, segundo Moacir Assunção, é um fenômeno social característico da sociedade rural brasileira. No nordeste, existiu desde o século XVIII, quando José Gomes, o Cabeleira aterrorizava populações rurais de Pernambuco. O movimento atravessou o século XIX, só terminando em 25 de maio 1940, com a morte de Corisco (1907 – 1940), sucessor de Lampião e seu principal lugar-tenente, pela volante de Zé Rufino (Diário de Pernambuco, 1º de junho de 1940, na sexta coluna).

‘Os homens do cangaço espalhavam fama, violência e aplicavam um conceito muito particular de justiça em sete estados do Nordeste. Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia sofriam não apenas nas mãos desses grupos nômades, mas também com a seca, com a fome e com uma sociedade desigual e injusta, que perpetuava um modelo pérfido de exploração do trabalho.’ (Ângelo Osmiro Barreto in Iconografia do Cangaço, 2012)

Em 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, perto da divisa com o estado de Alagoas, o bando de Lampião foi cercado por uma força volante comandada pelo tenente João Bezerra da Silva (1898 – 1970), pelo aspirante Ferreira Mello e pelo sargento Aniceto da Silva. Além de Lampião, foram mortos sua mulher, Maria Gomes de Oliveira (c. 1911 – 1938), conhecida como Maria Bonita, e os cangaceiros Alecrim, Colchete, Elétrico, Enedina, Luiz Pedro, Macela, Mergulhão, Moeda e Quinta-feira. Estes foram todos decapitados. 

No combate, foi morto o soldado Adrião Pedro de Souza. João Bezerra e outro militar ficaram feridos (Jornal do Brasil, 30 de julho de 1938, na primeira coluna, Diário de Pernambuco, 30 de julho de 1938). Eram 49 homens da volante e 36 cangaceiros. Os outros 25 cangaceiros presentes naquele dia, no local Grota de Angicos, saíram vivos e conseguiram fugir, mais tarde alguns sendo mortos e outros entregando-se à polícia. Foi o fim do cangaço no sertão, muito embora alguns pesquisadores ainda considerem o fim do cangaço com a captura do cangaceiros Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto, (Água Branca, 10 de agosto de 1907 – Barra do Mendes, 25 de maio de 1940).
“Os onze do Angico”
 
Foto do Soldado Adrião Pedro de Souza, componente da volante do Aspirante Francisco Ferreira de Melo e croqui do mapa do combate de Angicos, feito pelo Ten. João Bezerra, e que se encontra ás fls. 102, do seu livro “Como dei cabo de Lampeão”. 
 
Vê-se, no mapa, que os grupos de Lampião, Zé Sereno e Luís Pedro, foram cercados pelas volantes comandadas por: Ten. João Bezerra, Aspirante Ferreira de Melo, Sgt. Aniceto e por homens comandados por Juvêncio e o Cabo Bertoldo. O cerco, bem planejado, foi quase perfeito e quase não foi dado chance aos cangaceiros. Foram utilizadas 04 metralhadoras, além de um bem planejado cerco e o elemento surpresa que foi decisivo, a topografia do local (serras íngremes), também, foi altamente desfavorável aos cangaceiros, tanto na defesa, como nas correrias da fuga.
Lampião, com seu bando.
Zona de atividade dos cangaceiros – anos [1922] a 1930
Considerações finais

Correspondências enviadas ao Ir. Paulo Britto, filho do Cel. João Bezerra, extraídas de Citações sobre João Bezerra Parte II, por Paulo Britto.
Antonio Amaury Correa de Araújo
Correspondência enviada ao Irmão Paulo Britto, em 06.07.2002 pelo escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araújo:

“… Não é novidade para os pesquisadores que seu pai foi amplamente injuriado, invejado e que teve sua imagem denegrida por comentários oriundos de mentes tacanhas pelo fato de haver sido o comandante que eliminou Lampião e parte do seu bando cangaceiro, … Isso causou-lhes profundo ressentimento e usaram então dos mais baixos argumentos para achincalhar o episódio da Fazenda Angico.

… Pelo que pude observar nesses 53 anos de pesquisas e com seis mil entrevistas realizadas qualquer pessoa, em qualquer época usando de qualquer método para eliminar Lampião, … … seria questionado e destratado e sua atuação estaria sempre em dúvida na visão daqueles que não conseguiram o mesmo desideratum. A imaginação humana não tem limites e até mesmo episódios claros como cristal são colocados sob suspeita…. Para terminar, a polêmica não tem fim. É traição, veneno, tiro e Lampião ainda vivo até a década de 1990. Viva a fantasia, a ficção, a criatividade de alguns pesquisadores menos cuidadosos e pouco honestos para com a história…

PS. Faça o uso que quiser destas, pois é a expressão do meu pensamento e da verdade que obtive de cangaceiros, soldados, coiteiros e outras pessoas envolvidas no episódio de Angico. ”.

Gazeta de Alagoas – 06.12.1970 – 1º Caderno, página 3:
“Matador de Lampião sepultado em Maceió com honras militares…O Coronel (de Exército) Carlos Eugênio Pires de Azevedo, comandante da Polícia Militar, conheceu pessoalmente o Coronel Bezerra há 02 anos em Garanhuns. Lamentou a sua morte. Como última homenagem a corporação da qual é comandante, satisfazia o pedido de João Bezerra de ser sepultado em solo alagoano.

Pelos bons serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas e a todo o Nordeste, não há tributo que pague ao Coronel Bezerra, pelo que ele realizou, disse o comandante da Polícia Militar de Alagoas.”

… “O Coronel Bezerra era um militar cônscio de suas responsabilidades e tratava a todos os seus comandados com igualdade de condições. Devido esse comportamento, diante das tropas, que comandava no Quartel é que ele granjeou a simpatia de todos e consequentemente foi conquistando as promoções, todas elas por relevantes serviços prestados à nossa Polícia, ao Estado e à Nação”.
Ir∴ Paulo Britto, filho do Cel. João Bezerra

Ir∴ Paulo Britto, filho do Cel. João Bezerra, em http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/11/citacoes-sobre-joao-bezerra-por-paulo.html:

“Espero que estas citações consigam demonstrar, um pouco, de quem foi o homem, o policial militar, o maçom grau 18 que, em todas as suas ações e missões, só fez enaltecer o nome da instituição a que pertenceu, e que, graças a Deus, teve o privilégio do reconhecimento e do respeito dos familiares, amigos, superiores e subordinados…”. Coronel Lucena

Louvor do Coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão comandante do II Batalhão, transcrito no III item do Boletim nº 285, do II Btl, de 17 de dezembro de 1938. (Grafia original):
“Tendo o Sr. Capitão João Bezerra da Silva, sido desligado deste Batalhão, a fim de assumir a função na sede do Regimento. Louvo-o pelo modo brilhante com que soube espontâneamente cumprir as árduas missões de que foi incumbido, quando neste batalhão, mormente na campanha contra o orda de facínoras, perturbadores da paz sertaneja que há tanto tempo vinha sofrendo as agruras consequentes da ação do banditismo.

Coronel Lucena

Este oficial, demonstrou os nobres predicados de que é possuidor; trabalhador incansável que nunca ousou dar tréguas a tal corja, combatendo-a bravamente até o momento máximo em que assediou com a sua fôrça o conjunto chefiado pelo célebre “Lampeão” que não podendo vazar tal assédio, caiu sem vida, quando para os supersticiosos já era tido como imortal.”

Fontes:

http://etalasquera.ueuo.com/cangaco/cangtb.htm
http://sociedadeolhodehorus.blogspot.com/2013/03/lampiao-o-fora-da-lei.html
http://3batalhao.blogspot.com/p/historico.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Bezerra_da_Silva
Como dei cabo de Lampião, do Ten. João Bezerra da Silva. 1940
https://canoadetolda.org.br/wp-content/uploads/2018/11/Brasil-Canga%C3%A7o-2011
http://cariricangaco.blogspot.com/2011/10/citacoes-sobre-joao-bezerra-parte-ii.html
http://3batalhao.blogspot.com/p/ten-joao-bezerra.html
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2018/07/joao-bezerra-falou-ao-o-globo-em-26-de.html
http://www.minutonordeste.com.br/noticia/34-aniversario-do-3-bpm-de-arapiraca-encerra-com-homenagens/2930/imprimir
http://brasilianafotografica.bn.br/?p=9527
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2009/06/angicos-aspectos-geograficos-e.html?m=1
http://cariricangaco.blogspot.com/2012/07/um-olhar-mais-apurado-porpaulo-britto.html

Sobre o autor

Alexandre Lopes Fortes é M∴ I∴, membro da ARLS Irmão Cícero Veloso n°4543 (GOB-PI). Grau 33 do REAA, grau 33 do Rito Adonhiramita, grau 9 do Rito Moderno e compa
nheiro do Sagrado Arco Real..

https://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Adri%C3%A3o

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REVOLTA DE PRINCESA NA TELINHA TELA BRASIL - APRESENTA:

 


No início do período republicano no Brasil, ricos fazendeiros comandavam a política nos municípios do interior dos estados. No sertão da Paraíba, o município de Princesa tinha como autoridade maior o coronel José Pereira que, em 1930, se sentiu desprestigiado pelo então presidente da Paraíba, João Pessoa, quando o mesmo deixou de fora, na composição de uma chapa para deputado federal, o ex-governador João Suassuna, pai de Ariano Suassuna.

Aliadas a esse episódio, medidas econômicas e novas práticas políticas adotadas pelo presidente do estado levaram o coronel José Pereira a romper com João Pessoa, também candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Getúlio Vargas. O coronel passou da oposição política à luta armada. A Revolta de Princesa, como ficou conhecido o episódio, tomou grandes proporções, envolvendo a Paraíba, Pernambuco e o governo federal. Em 2010 a TV Senado fez um resgate desse fato da história política do país. Direção: Deraldo Goulart.



Este artigo é especialmente dedicado ao confrade Carlos Eduardo Gomes "cangaceiro carioca"

Créditos Ewerton Michel/ YouTube

https://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Marcolino%20Diniz

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FILHA DE ZÉ CALÚ

 Por Cangaçologia

Filhas de Zé Calú a época proprietário da Fazenda Melâncias no município pernambucano de Flores, que foi torturado por Lampião e bando no ano de 1925.

Maria Calú "Maria Francisca da Natividade" (Foto 01) e Leobina Calú (Foto 02).


https://cangacologia.blogspot.com/

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domingo, 31 de agosto de 2025

ÚLTIMA ATROCIDADE DO CARRASCO CORISCO

 Por José Mendes Pereira

Corisco e Dadá - Imagem da internet

Quem não se lembra do afamado cangaceiro chamado Cristino Gomes da Silva Cleto?  Este nome nos lembra um grande cangaceiro. E na verdade, é ele mesmo, o temido Diabo Loiro, o Corisco.                                                                  

Se falarmos em Lampião, com certeza, lembraremos  deste cangaceiro imediatamente. Este homem era um grande astro do banditismo. Nascido no dia 10 de agosto de 1907, no Estado de Alagoas, no município de Matinha de água Branca.

Água Branca - Alagoas.

Na minha opinião, não dá para a gente entender. Por que Lampião tinha tanta amizade a este cangaceiro, já que em toda sua vida de bandoleiro, as maiores desgraças que ele sofreu, foram causadas por gente do Estado de Alagoas? Foi em Alagoas que ele perdeu pai e mãe. Alguns coiteiros que haviam lhe traído eram de Alagoas. O seu matador em 1938, era Alagoano E por que tanta adulação com Corisco que também era de Alagoas? Será que o rei tinha medo do feroz Corisco?                                                   

De todos os cangaceiros, Corisco era o mais valente e de uma perversidade muito além da normalidade. E dentro do cangaço, os maiores beberrões eram: Corisco e Sabiá, Os dois cangaceiros viviam sobre o efeito do álcool, que quase todos os dias se encontravam totalmente embriagados.                                           

Conta o escritor Alcino Alves Costa em seu livro que o Corisco era um sujeito de boa aparência, atlético, alto, loiro e sobre tudo, um cabelo solto que o vento não o deixava em paz um só instante; chamando a atenção das mocinhas daqueles sertões nordestinos. Além desses adjetivos, Corisco era considerado um grande rei dos sertões.                             

Corisco não havia nascido para ser líder, devido a bebida que lhe atrapalhava, o assecla não possuía o dom de vir a ser um dia capitão do cangaço. Não nascera para ludibriar os coronéis e donos de fazendas, pois isso, o rei Lampião tinha de sobra, sabia muito bem conquistar quem ele queria.        

Dadá cangaceira

Apesar dos seus defeitos Corisco teve a grande felicidade de colocar ao seu lado, a famosa suçuarana, como era conhecida no meio do cangaço, a verdadeira Dadá, uma das grandes guerreiras do cangaço nordestino, esta era pernambucana, lá de Belém de São Francisco-PE nascida em 25 de abri de 1915.

Com o desaparecimento do grande chefe Lampião, e o fim da sua respeitada "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.", todos os sobreviventes dela, acreditavam na possibilidade do Corisco assumir a vaga de chefe deixada pelo capitão, que  desde o dia 28 de julho de 1938, o trono havia ficado vago, e ninguém poderia opor-se ao direito do afamado Diabo Louro apoderasse da coroa do rei, já que ele havia sido abatido na Grota do Angico, nas terras de Porto da Folha, atualmente Poço Redondo, no Estado de Sergipe.                   

Corisco logo assumiu o comando da cangaceirada, mas por poucos dias, e entendeu que na verdade, não possuía condições e nem tão pouco qualidades para substituir o grande mestre do cangaço que foi o capitão Lampião. 

Lampião havia subido tantos degraus, conseguindo chegar ao pico mais elevado no que diz respeito a cangaço. Ninguém dali tinha condições de dirigir um cargo tão importante, que era o de administrar feras humanas, no amor fraternal, e mesmo na hora de punir severamente um companheiro. O trono deixado pelo capitão Lampião, ficaria sem substituto. A partir dali, cada um por si, e Deus ou o Diabo por todos. 

Cabeças dos cangaceiros mortos na Grota do Angico.

Quando aconteceu a grande chacina que levou o rei, a sua rainha Maria Bonita, e mais nove cangaceiros, além do volante Adrião Pedro da Silva, Corisco e seus comandados encontravam-se acoitados entre as fazendas Coidado (o nome desta fazenda era assim mesmo), e Emendadas.

Volante Adrião Pedro da Silva

O escritor Alcino Alves Costa diz no seu texto, e não houve nenhuma modificação por minha parte. É na íntegra: “- Uma estranha versão conta que nos últimos dias que antecederam o cerco, os famosos José Lucena e Aniceto Rodrigues, foram até o coito, com a finalidade de acertarem algo que poderia mudar os caminhos do banditismo com o falado Diabo Loiro”. Diz ainda Alcino: “-É esta visita misteriosa, um dos grandes segredos que cerca os fatos de Angico”.

Corisco temeroso e não querendo administrar aquelas feras humanas, disse que não possuía qualidade para a importantíssima tarefa de ser o novo chefe, e cheio de ódio, revoltou-se contra os moradores da Fazenda Patos.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/03/sobrevivente-visita-fazenda-patos_11.html

Quando Joca Bernardes maldosamente informou ao perigoso cangaceiro que o verdadeiro delator de Lampião tinha sido Domingos Ventura, Corisco foi a sua casa, e lá assassinou quase toda família do vaqueiro. 

http://josemendespereirapotiguar.blogspot.com/2016/01/quem-traiu-lampiao-pedro-de-candido-ou.html

Em seguida, apoderado de rancores, cortou as cabeças dos infelizes e mandou-as para Piranhas, endereçadas a João Bezerra ou ao prefeito João Correta Brito. E com elas, foi um bilhete dizendo: “Faça uma fritada com elas. Se o problema é cabeça, aí vão em quantidade”Com essa violência, estava mais do que comprovada a inabilidade do feroz cangaceiro.

https://www.oprumodehiram.com.br/ten-joao-bezerra-o-macom-que-deu-cabo-de-lampiao/

Como o bom administrador de cangaceiros havia partido para a outra vida além, os bandos começaram as suas inquietações, desesperando-se por falta de apoio, já que Lampião não mais existia no meio deles, protegendo-os em todas as circunstâncias. E agora, que rumo iriam tomar? Para onde iriam? Muitos deles procuraram fugir para os sertões, como: Pitombeira, Zabelê, Lavandeira e Quixabeira decidiram partir para as terras do Ceará.  

Foto do capitão Aníbal Ferreira gentilmente cedida para o nosso blog pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio. - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2017/03/sabonete-o-secretario-particular-da.html

Outros foram de encontro a boa vontade do capitão Aníbal Vicente Ferreira, um grande e piedoso dos órfãos de Lampião, o comandante policial das forças baianas, com sede na cidade de Jeremoabo, e lá se entregaram às mãos deste, para serem julgados, como fizeram os grupos de Zé Sereno, Juriti e muitos outros. Por último, o cangaço do antigo Virgulino Ferreira da Silva, o rei Lampião, estava totalmente vencido, havia chegado o final de sua desastrosa jornada. 

O perigoso Corisco resolveu não se entregar, e continuava tentando sustentar o movimento do velho e amigo companheiro Lampião. Dizia por ande andava, que jamais deixaria aquela vida, pois já estava acostumado das correrias, livrando-se das volantes a toda hora. Para ele era o seu amado divertimento, e só a morte o afastaria das caatingas sertanejas. Mas via que o rei Lampião lhe fazia muita falta. Sem ele, o cangaço havia acabado de uma vez por toda a sua importância. 

Desesperado e costumeiramente embriagado, deu início a uma maneira de tentar resolver os seus problemas financeiros urgente. Preocupado por ter ficado órfão, pois o pai que muito lhe protegia havia partido para eternidade, tornou-se ainda mais perverso e homicida. Sentado no seu pequenino coito, pôs-se a pensar o que fazer. E logo chegou o momento de humildemente precisar daqueles antigos contatos do grande e insubstituível chefe Lampião. Como arranjar alimentos dentro daquela caatinga? Com quem iria arrumar dinheiro para as suas necessidades que o assolavam? Como adquirir munições para recarregar as suas armas e garantir vitória na hora dos combates?

E logo lhe veio a lembrança dos velhos e amigos coiteiros, fazendeiros, aqueles que quando ele precisava, todos  supriam as suas necessidades,  jamais algum deles havia lhe negado. Principiou fazendo cartas e mais cartas, solicitando recursos para dar continuidade aos seus trabalhos, apesar de desastrosos, mas era um trabalho que não podia parar de uma vez. O bando e ele precisavam das ajudas dos companheiros. 

Mas o famoso Corisco estava completamente enganado! Sim Senhor! Suas cartas começaram com respostas negativas. Ninguém mais dava a menor atenção aos seus escritos.  O cangaço e Corisco, com a morte de Lampião, estavam desmoralizados, os amigos de antes, não lhe tinham um tico de respeito.

Envergonhado, Corisco deixou o Estado de Alagoas, a sua terra e foi tentar em Sergipe.  Lá, procuraria velhos coiteiros e amigos fazendeiros, e com certeza, poderia arrecadar algum dinheiro. As necessidades estavam lhe atrapalhando, pois não tinha mais dinheiro, e nem tão pouco, coiteiros amigos. Tudo que havia arranjado no cangaço, eram as suas belas cédulas, ouro, mas não queria, de maneira alguma, se desfazer de suas notas e nem do seu pesado ouro, que cuidadosamente, carregava-os no seu bornal. 

Logo que entrou em Sergipe procurou o coiteiro chamado Sinhozinho de Néu Militão e por ele, remeteu cartas para os senhores: Camilo Laurindo, Luiz Antonio Militão, Manoel do Brejinho e outros grandes fazendeiros das regiões dos municípios de Monte Alegre, Porto da Folha e Poço Redondo. Mas, como o cangaço havia sido morto juntamente com o seu ex-chefe e compadre, os fazendeiros não deram nenhuma importância às solicitações. 

Sinhozinho, destemido ou por idiotice mesmo, saiu espalhando e galhofando das cartas e das solicitações de Corisco, e as negativas dos fazendeiros; a todos que ele encontrava no município, conversava sobre isso. Sinhozinho iria pagar por ter feito a fofoca, passando para as bocas fofoqueiras que lá no município daquela região não faltavam. 

Assim que ficou sabendo do desrespeito do Sinhozinho contra a sua pessoa Corisco enfureceu-se, dizendo que Sinhozinho de Néu, iria pagar pelos boatos que ele havia espalhado no município. E Sinhozinho não o perdoaria de jeito nenhum. A morte de Sinhozinho iria acontecer a qualquer momento. Era questão de oportunidade.                                      

O coiteiro Sinhozinho, tomando conhecimento das ameaças de Corisco, foi passar alguns dias em Porto da Folha, deixando sua moradia em Monte Alegre, e o gadinho levou para a fazenda Chafardona. Mas o vaqueiro não precisava ter saído de sua casa, porque, ou mais cedo ou mais tarde, Corisco não o perdoaria, e com certeza, vingaria com sangue a sua fofoca.                                                                                     

Lá, Sinhozinho não conseguiu se demorar muito em sua cidade natal que era Porto da Folha, sendo obrigado a voltar por um motivo qualquer.  Dias depois, retornou aos velhos campos que ora deixara pressionado pelo cangaceiro Corisco.  Sua casa ficava mais ou menos a um quilômetro de Monte Alegre. Lá existia um pequeno curral, e sempre que podia, ia lá chiqueirar os bezerros. Como ele estava na mira do cangaceiro, e temendo algo, chamou um  amigo de nome Santo Velho, e foram caçar o gado. Assim que o encontrou, levaram-no para o curral, prendendo-os.

Fazendo caminhadas próximo ao curral, Sinhozinho descobriu umas pegadas de várias pessoas. Não tendo certeza do que se tratava, chamou Santo Velho e  mostrou os rastros, estes não sendo poucos. Ao ver, o companheiro disse-lhe: - Estes rastros ou são de cangaceiros ou de soldados. Apoderaram-se de um medo invencível, e às pressas, procuraram tanger o gado. Sinhozinho que na verdade era o que estava marcado para morrer,  com agilidade, abriu a porteira e partiram em direção a casa. No meio da malhada, Sinhozinho observou que uma das vacas estava com o úbere já precisando ser mungido. Este, disse a Santo velho que precisava ordenar a mesma para não correr o risco de as tetas infeccionarem. Com isso, tomaram a frente do gado, e em seguida, retornaram para o curral. 

Ao chegarem conduzindo o gado, Sinhozinho arriou a vaca, e deu início a tirada do leite. Mas não levando sorte, os cangaceiros chegaram à porteira. E quem eram eles? Era Corisco e seu bando. Sinhozinho estava totalmente frito, pois logo, talvez, iria conhecer o outro mundo. Não tendo como fugir, Sinhozinho ficou parado, ainda acocorado, sem dar nenhuma palavra. Não havia mais jeito. O desgraçado que antes havia lhe prometido a vingança tinha chegado para fazê-la, e sem desistência alguma. Que má sorte, hein?                                                            

E sem demora, Corisco cheio de ódio e desejo de vingança, disse-lhe:

- Cabra safado, por que você foi dizer à polícia que eu tinha mandado cartas pedindo ajuda aos fazendeiros? – perguntou-lhe de cara feia o tenebroso Corisco.

Sinhozinho não respondeu nada, Se calado estava, calado permaneceu. 

- Por que você saiu mangando das minhas cartas, hein?  

Dadá, a suçuarana se adianta, dizendo para Corisco:                       

- Corisco, por que você ainda pergunta? Mate esse bandido sem vergonha -  ordena ela. E virando-se para um cangaceiro, disse-lhe: - Caixa de Fósforo, mate este cabra safado! Atire nele! Sem nenhum dó, o coitado tomou rumo para o outro mundo.  

https://www.youtube.com/watch?v=mqTVMdpgd7M&ab_channel=Canga%C3%A7oEterno

Assim que o corpo de Sinhozinho caiu ao chão não esperaram que o mesmo morresse. E logo lhe cortaram a cabeça, e em seguida, botaram-na em uma gamela.  

Corisco virou-se para Santo Velho, ordenando-lhe:                                         

- Escute-me! Você não vai ser morto, mas eu quero que leve esta cabeça para o comandante do destacamento de Monte Alegre, o cabo Nicolau. Se você não entregá-la pessoalmente a ele, quando eu me encontrar contigo, farei pior do que fiz com ele. Certo?                                                                                   

- Sim senhor! – confirmou Santo Velho tremendo-se de medo. 

- Eu vou procurar saber se esta cabeça chegou lá. Caso contrário, eu vou logo atrás de você para matar-te. 

E Santo Velho era doido de não levar a cabeça?  Santo estava velho, mas doido, não senhor! 

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São 27 histórias que são bem narradas e gostosas para se fazer uma  excelente leitura. Esta história também está no livro.

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ATENÇÃO!

Quando estiver no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou, não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional, você poderá ser vítima. 

As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão. 

Você poderá não conduzir arma, mas o outro conduzirá uma maldita matadora, e ele poderá não perdoar a sua ignorância. E quando o bicho é criado, difícil de matar. 

Imagina um sujeito com uma arma empunhada, não sairá do seu pensamento nada bom.

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